O mundo está enlouquecendo?

Os atentados dessas últimas semanas (Suzano, Nova Zelândia) ficou nos meus pensamentos e até nos meus pesadelos noturnos e acabou me fazendo pensar o que exatamente estamos fazendo de errado ultimamente. Sempre erramos, é claro, mas quis pensar aonde estamos errando especificamente, o que está acontecendo agora e como podemos tentar prevenir esse tipo de acontecimento. A minha intenção não é justificar ou tentar amenizar o acontecido, mas realmente tentar pensar em formas de prevenção.

O que me chama atenção ultimamente é a forma que estamos nos afastamos emocionalmente uns dos outros, como está sendo dada muita importância a questões estéticas e está ocorrendo um distanciamento afetivo e uma evitação de discussões produtivas e essenciais. O que me parece é que os diálogos produtivos estão sendo trocados por meras falas em que um fala e o outro responde de modo automático, sendo trocado constantemente de assunto, não há profundidade e consequentemente acaba ocorrendo conversas superficiais em que uma pessoa parece nunca estar aberta a um diálogo rico e de aprendizado com a outra, e o pior, acaba ficando praticamente explícito que ninguém se preocupa com o que machuca, com as dores que esse outro está tentando transmitir.

Não que temos que estar sempre preocupados com tudo e que não seja saudável nos preocupar também com o estético, mas acredito que o problema começa quando damos atenção quase exclusiva a assuntos que deveriam ser secundários e esquecemos de cuidar de nós… das nossas crianças…de quem amamos. Acredito que a omissão é um dos piores crimes que podemos cometer e acredito que estamos sendo omissos na questão do cuidar, do olhar para o outro com cuidado, com carinho e paciência.

Além, de tudo isso, acabamos por normalizar e jogar em um mesmo pacote questões que não são para ser normalizadas. Não é normal pessoas viverem em condições subumanas, não é normal termos medo de voltarmos sozinhas a noite para casa, não é normal crianças conviverem com mortes recorrentes, não é normal termos mini adultos.

Crianças precisam ser crianças, precisam ser cuidadas, precisam de um suporte afetivo. Se não tivermos esse cuidado desde cedo, vamos ter adultos com problemas emocionais, e que não conseguem ser um indivíduo efetivamente, sendo construído um “não eu”, uma impossibilidade de ser.